quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CAIO FERNANDO ABREU



Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar.
A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos 
sedentas e pensa: Achei! Achei!
Mas ele escorrega se espatifa em mil pedaços, como um
 vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de 
louça.A gente fica só, outra vez, e tem que começar 
do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos
 que vê. Cada um que surge parece o último, mas todos são de
 barro, quebram-se antes que possamos reformular as
 perguntas.E começamos de novo, mais uma vez, dia após
dia, ano após ano.Um dia a gente chega à frente do 
espelho e descobre: Envelheci!Então a busca termina.
As perguntas colam no fundo da garganta, e vem a morte.
Que talvez seja a grande resposta.
A única.


Caio Fernando  Abreu 
em Limite Branco

Nenhum comentário:

Postar um comentário