sexta-feira, 31 de outubro de 2014

CHOVE




Chuva
Chuva
Chuva
Vontade
Chuva
De fazer não sei bem o que seja
Vontade de escrever Sagesse, de Verlaine
E a tarde gris, tão viúva,
Vai derramando perenemente
as suas lágrimas de chuva
Abundantes
Como lágrimas de fita cômica
Cômica
Cômica

Mario Quintana
In Preparativos de Viagem

POÇAS D'AGUA




As poças d’água são um mundo mágico
Um céu quebrado no chão
Onde em vez das tristes estrelas
Brilham os letreiros de gás Neon.

Mario Quintana,
in Preparativos de viagem


O ANTINARCISO



Esse estranho que mora no espelho
(e é tão mais velho do que eu)
olha-me de um jeito de quem
procura adivinhar quem sou.

Mario Quintana,
in Caderno H


HAI-KAI DE PRIMAVERA



Tua orelha num frêmito desnuda-se:
O que seria
O que seria que te disse o vento?!

Mario Quintana,
in Preparativos de Viagem

ESTA GENTE



Esta gente cujo rosto 
Às vezes luminoso 
E outras vezes tosco 

Ora me lembra escravos 
Ora me lembra reis 

Faz renascer meu gosto 
De luta e de combate 
Contra o abutre e a cobra 
O porco e o milhafre 

Pois a gente que tem 
O rosto desenhado 
Por paciência e fome 
É a gente em quem 
Um país ocupado 
Escreve o seu nome 

E em frente desta gente 
Ignorada e pisada 
Como a pedra do chão 
E mais do que a pedra 
Humilhada e calcada 

Meu canto se renova 
E recomeço a busca 
De um país liberto 
De uma vida limpa 
E de um tempo justo 


 Sophia de Mello Breyner Andresen,
 in "Geografia",


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ASA IMÓVEL




O barco, com sua braçada
de flores, cheio de terra.

Asa imóvel, desterrada
aventura, que se encerra.

Ausente de tudo, absorto,
sem dor, sem mar, sem cansaço,

abismado em seu espaço:
- barco enfim chegado ao porto.


Hélio Pellegrino
In: Minérios Domados

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

TRIUNFO DAS NULIDADES



(excerto de discurso parlamentar)

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver
 prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça,
 de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
 o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra,
 a ter vergonha de ser honesto."

 Rui Barbosa 
in Obras Completas 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A UM TRISTE



Outras almas talvez já foram tuas:
Viveste em outros mundos... De maneira
Que em misteriosas dúvidas flutuas,
Vida de vidas múltiplas herdeira!


Servo da gleba, escravo das charruas
Foste, ou soldado errante na sangueira,
Ou mendigo de rojo pelas ruas,
Ou mártir na tortura e na fogueira...


Por isso, arquejas num pavor sem nome,
Num luto sem razão: velhos gemidos,
Angústias ancestrais de sede e fome,


Dores grandevas, seculares prantos,
Desesperos talvez de heróis vencidos,
Humilhações de vítimas e santos...


Olavo Bilac
In ‘Tarde’ (1919)


DEFESA




Cada alma é um mundo à parte em cada peito...
Nem se conhecem, no auge do transporte,
Os jungidos do vínculo mais forte,
Almas e corpos num casal perfeito:

Dormindo no calor do mesmo leito,
Votando os corações à mesma sorte,
Consigo levam à velhice e à morte
Um recato de orgulho e de respeito...

Ficam, por toda a vida, as duas vidas
Na mais profunda comunhão estranhas,
No mais completo amor desconhecidas.

E os dois seres, sentindo-se tão perto,
Até num beijo, são duas montanhas
Separadas por léguas de deserto...


Olavo Bilac
In ‘Tarde’ (1919)


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

MISSA



Na singela capela
há um pêndulo oficiante.
Enquanto no altar claro
o sacerdote invoca o Eterno,
em cânticos ardentes
e inenarráveis gemidos
o pêndulo vai marcando, 
vai contando
inexoravelmente
os minutos perdidos.


Tasso da Silveira 
Poemas de Antes – l.966 –

domingo, 19 de outubro de 2014

ANTES QUE A TARDE AMANHEÇA...



Antes que a tarde amanheça
e a noite vire dia
põe poesia no café
e café na poesia.

Paulo Leminski,
in Toda Poesia






RETRATO ANTIGO



Quem é essa que me olha
de tão longe,
com olhos que foram meus?

Helena Kolody,
in Viagem no Espelho


FLORAL




É isso.É primavera.
estou feliz, em febre.
Outros
politizam suas dores.
Eu
me polenizo
ou polemizo
- com as flores.


Affonso Romano de Sant'Anna,
in Poesia Reunida






segunda-feira, 13 de outubro de 2014

AMO A MANSIDÃO




A mansidão eu amo e sempre que entro
pelos ermos umbrais da escuridão
abro os olhos para enchê-los
da doçura dessa paz.


A mansidão eu amo sobre todas
as coisas deste mundo.


Na quietude das coisas eu descubro
um canto enorme e mudo.
E quando elevo os olhos para o céu
no estremecer das nuvens eu encontro,
na ave que cruza o espaço e até no vento
a doçura que flui da mansidão.

Pablo Neruda,
in "Cadernos de Temuco"

domingo, 12 de outubro de 2014

PROCURA-SE ALGUM LUGAR DO PLANETA



onde a vida seja sempre uma festa
onde o homem não mate nem bicho nem homem
e deixe em paz
as árvores na floresta.
Procura-se algum lugar no planeta
onde a vida seja sempre uma dança
e mesmo as pessoas mais graves
tenham no rosto um olhar de criança.


Roseana Murray
in Classificados Poéticos, ed. Moderna

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

CADA PALAVRA UMA FOLHA




Cada palavra uma folha
no lugar certo. 

Uma flor de vez em quando
no ramo aberto. 

Um pássaro parecia
pousado e perto.

Mas não: que ia e vinha o verso
pelo universo. 

Cecília Meireles.
de Metal Rosicler





sábado, 4 de outubro de 2014

O DOCE CONVÍVIO




Teus silêncios são pausas musicais.

Mario Quintana,
in Caderno H 




DA RELATIVA REALIZAÇÃO



Mover-se com a máxima amplitude
dentro dos próprios limites...

Mario Quintana,
in Caderno H






BIOGRAFIA




Entre o olhar suspeitoso da tia
E o olhar confiante do cão
O menino inventava a poesia...

Mario Quintana,
in Apontamentos de história sobrenatural







QUEM AMA...




Camões escreveu:
"Quem ama inventa as penas em que vive"
"Quem ama inventa as coisas a que ama",
acrescentaria eu, se a tanto me
atrevesse.

Mario Quintana,
in Da preguiça como método de trabalho









XX



Estou sentado sobre a minha mala
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
Em tanta inútil, misteriosa escala!

Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas... E afinal sem norte,
Como o velho Sindbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...

Delícia de ficar deitado ao fundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda parte é sempre o Fim do Mundo

Pra que partir? Sempre se chega, enfim...
Pra que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?

Mário Quintana
in Rua dos Cataventos

ESSA LEMBRANÇA QUE NOS VEM



Impossível fazer um poema
neste momento.
Não, minha filha, eu não sou música
-sou o instrumento.

Sou, talvez, dessas máscaras ocas
num arruinado momento: 
empresto palavras loucas
à voz dispersa do vento..."


Mário Quintana
In Apontamentos de história sobrenatural

CARRETO



Amar é mudar a alma de casa.

- Mario Quintana,
in: Sapato Florido, 1948.

SE EU FOSSE UM PADRE



Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus .


Mario Quintana,
in AntologiaPoética





XXIII




Cidadezinha cheia de graça...
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça...
Sua igrejinha de uma torre só...

Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca nem um segundo...
E fica a torre, sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!...

Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo (a triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!

Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha... Tão pequenina
Que toda cabe só num olhar...

- Mario Quintana, 
in: A Rua dos Cataventos, 1940.


UMA FRASE PARA ÁLBUM



" Há ilusões perdidas mas tão lindas que a gente as vê
partir como esses balõezinhos de cor que nos
escapam das mãos e desaparecem no céu ..."

Mario Quintana , 
in " A vaca e o Hipogrifo "



UMA SIMPLES ELEGIA



Caminhozinho por onde eu ia andando
e de repente te sumiste,
_o que seria que te aconteceu?
Eu sei.., o tempo... as ervas más... a vida...
Não, não foi a morte que acabou contigo:
Foi a vida.
Ah, nunca a vida fez uma história mais triste
que a de um caminho que se perdeu...

Mario Quintana,
in A Vaca e o hipogrifo


O ENCONTRO




Subitamente
na esquina do poema, duas rimas
olham-se, atônitas, comovidas,
como duas irmãs desconhecidas...

Mario Quintana
In Baú de Espantos


GERMINAL




Planto
com emoção
este verso em teu coração

Mario Quintana
in A Vaca e o Hipogrifo



XXI DAS ILUSÕES



Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alivio!


Mario Quintana
In: Espelho Mágico




AS VIAGENS




O encanto de viajar está na própria viagem.
A partida e a chegada são meras interrupções
num velho sonho atávico de nomadismo.
Por outro lado, dizem todas as religiões que
estamos apenas de passagem no mundo.
E isto é que faz querermos tanto a esta 
vida passageira.

- Mario Quintana,
in: Da Preguiça como Método de Trabalho, 1987.



O ETERNO ESPANTO




Que haverá com a lua que sempre que a gente 
a olha é com o súbito espanto da primeira vez?

Mario Quintana;
Da preguiça como método de trabalho, 1987



A HARMONIA DAS FORMAS



Antes, elas eram violões. Hoje viraram
violinos. Naturalmente, continuam raríssimos
os Stradivarius...

Mario Quintana,
in Apontamentos de História Sobrenatural


BILHETE



Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
Enfim
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve
ainda...

Mario Quintana
In Melhores Poemas

MÃE




São três letras apenas,
As desse nome bendito:
Três letrinhas,nada mais...
E nelas cabe o infinito
E palavra tão pequena
-confessam mesmo os ateus-
És do tamanho do céu!
E apenas menor do que Deus...

Mario Quintana 
in Lili Inventa o Mundo


PEQUENO POEMA DIDÁTICO



Para Liane dos Santos

O tempo é indivisível. Diz,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vario.

A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconseqüente conversa.

Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!

E todos os encontros são adeuses!

Mario Quintana, 
in Apontamentos de História Sobrenatural



AS COISAS



O encanto
sobrenatural
que há
nas coisas da Natureza!
No entanto, amiga,
se nelas algo te dá
encanto ou medo,
não me digas que seja feia
ou má,
e, acaso, singular...
E deixa-me dizer-te em segredo
um dos grandes segredos do mundo:
- Essas coisas que parece
não terem beleza
nenhuma
- é simplesmente porque
não houve nunca quem lhes desse ao menos
um segundo
olhar!

Mario Quintana
- In A cor do invisível

NOTURNO



Não sei por que, sorri de repente
E um gosto de estrela me veio na boca...
Eu penso em ti, em Deus, nas voltas inumeráveis
que fazem os caminhos...

Em Deus, em ti, de novo...

Tua ternura tão simples...

Eu queria, não sei por que, sair correndo descalço
pela noite imensa
E o vento da madrugada me encontraria morto 
junto de um arroio,
Com os cabelos e a fronte mergulhados na água
límpida...
Mergulhados na água límpida, cantante e fresca
de um arroio!

Mário Quintana
in O aprendiz de feiticeiro


DO AMOROSO ESQUECIMENTO



Eu agora, – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana
in Espelho Mágico.


O MILAGRE



Dias maravilhosos em que os jornais
vêm cheios de poesia…
E do lábio do amigo brotam palavras
e eterno encanto…
Dias mágicos…
Em que os burgueses espiam,
Através das vidraças dos escritórios,
A graça gratuita das nuvens…

Mário Quintana,
in Antologia Poética

CECÍLIA MEIRELLES



I

Seus poemas desenhavam seu fino hastil
Suas corolas vibrantes como pequeninas violas
(ou era a vibração incessante dos grilos?)
Seus poemas floriam na tapeçaria ondulante dos prados
Onde os colhia a mão das eternamente amadas
(as que morreram jovens são eternamente amadas…)

II

Seus poemas,
Dentre as páginas de um seu livro,
Apareciam sempre de surpresa,
E era como se a gente descobrisse uma folha seca
Um bilhete de outrora
Uma dor esquecida
Que tem agora o lento e evanescente odor do tempo…

III

E seus poemas eram, de repente, como uma prece jamais ouvida
Que nossos lábios recitavam – ó temerosa delícia!
Como se numa língua desconhecida,
Sem querer falassem
Da brevidade
E da
Eternidade da vida…

IV

Ah, aquela a quem seguiam os versos ondulantes 
como dóceis panteras
E deixava por todas as coisas o misterioso reflexo
do seu sorriso;
E que na concha de suas mãos, encantada e aflita recebia
A prata das estrelas perdidas…

V

Nem tudo estará perdido
Enquanto nossos lábios não esquecerem
teu nome: Cecília…

Mario Quintana,
in Antologia Poética

COISAS DO TEMPO




Com o tempo, não vamos ficando sozinhos apenas
pelos que se foram: vamos ficando sozinhos
uns dos outros.

Mario Quintana ,
in Caderno H

DA OBSERVAÇÃO



Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

- Mario Quintana,
in: Espelho Mágico, 1945-1951.





''I''




Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mário Quintana
in 'A RUA DOS CATAVENTOS'

PAZ




Os caminhos estão descansando...

Mario Quintana,
in A Vaca e o Hipogrifo

A MENINA DANÇA SOZINHA...



A menina dança sozinha
por um momento

A menina dança sozinha
com o vento, com o ar, com
o sonho de olhos imensos…

A forma grácil de suas pernas
ele é que as plasma, o seu par
de ar,
de vento,
o seu par fantasma…

Menina de olhos imensos,
tu, agora, paras,
mas a mão ainda erguida
segura ainda no ar
o hástil invisível
deste poema!

Mario Quintana
Esconderijos do Tempo

PROJETO DE PREFÁCIO




Sábias agudezas... refinamentos...
– não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

Mario Quintana 
Baú de Espantos


PRIMAVERA



Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.

Catavento enlouqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.

Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até

Não mais saber-se o motivo...
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido.


Mário Quintana
in Antologia Poética 

CANÇÃO DA PRIMAVERA




Um azul do céu mais alto,
Do vento a canção mais pura
Me acordou, num sobressalto,
Como a outra criatura...

Só conheci meus sapatos
Me esperando, amigos fiéis,
Tão afastado me achava
Dos meus antigos papéis!

Dormi, cheio de cuidados
Como um barco soçobrando,
Por entre uns sonhos pesados
Que nem morcegos voejando...

Quem foi que ao rezar por mim
mudou o rumo da vela
Para que eu desperte, assim,
Como dentro de uma tela?

Um azul do céu mais alto,
Do vento a canção mais pura
E agora... este sobressalto...
Esta nova criatura!


Mario Quintana 
de 'Nariz de Vidro'





XXII


Dos nossos males

É sem razão, e é sem merecimento,
Que a gente a sorte maldiz:
Quanto a mim, sempre odiei o sofrimento,
Mas nunca soube ser feliz... 

Mario Quintana
In: Espelho Mágico