quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

SE PERGUNTAREM POR MIM




digam
-que as raízes de meus ventos dispersaram tantas quimeras
mas que os vendavais de meus dias não perderam ainda suas cores
-que o sol, o mar e as areias da praia fluem
em mim como os acordes de Debussy num fim de tarde
-que todos os azuis e os verdes, às vezes, me habitam
-que, às vezes, sou uma pobre noite sem estrelas puras
-que meus sonhos de tão vagos não encontraram
janelas e nem portas
-que minhas semeaduras se deixam queimar magras,
bem antes que o sol se ponha
-que na musica de tantos dias e noites encontrei
violinos desafinados 
-mas que
na chuva, de tão cinza ao cair
descobri nela
toda uma gama de coloração
de vida
rasgando estradas novas em esperança.


Se perguntarem por mim. . . 



Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo

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