segunda-feira, 31 de março de 2014

TANTO



Para Lygia F. Telles

Nada entendo de signos: 
se digo flor é flor, se digo àgua 
é água. ( Mas pode ser disfarce de um segredo.) 
Se não podem sentir, não torçam 
a arvore-de-coral do meu silêncio: 
deixem que eu represente meu papel. 

Não me queiram prender como a um inseto 
no alfinete da interpretação: 
se não me podem amar, me esqueçam. 
Sou uma mulher sozinha num palco, 
e já me pesa demais todo esse ofício. 
Basta que a torturada vida das palavras 
deite seu fogo ou mel na folha quieta, 
num texto qualquer com o meu nome embaixo.

LYA LUFT
In Mulher no Palco, 1984



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