sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O TEATRO DAS CIDADES



Qualquer tempo é um tempo duvidoso 
assim o meu cercado de cidades 
plataformas instáveis 
praticáveis cobertos de infinita gente náufraga 
que se inclina nas águas como um palco 

Paro na convergência dos estrados 
chove já sobre a raça ameaçada 
Incertas multidões em volta passam 
contemporâneas falam interpretam 
a duvidosa língua das imagens 

Assim no teatro abstracto das cidades 
morrem palavras sobre um palco náufrago 

O tempo cobre o céu que se enche de água 

Gastão Cruz,
 in "O Pianista"

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