terça-feira, 23 de outubro de 2012

FRAGMENTO LITERÁRIO



"Lembrou-se bruscamente de que num café da rua Brasil (…) 
havia um gato que se deixava acarinhar pelas pessoas,
como uma divindade desdenhosa. Entrou.
Aí estava o gato, adormecido. 
Pediu uma xícara de café, adoçou-o lentamente,
experimentou-o (…)
e pensou, enquanto alisava a negra pelagem, que aquele
contato era ilusório e que estavam como separados por
uma vidraça, porque o homem vive no tempo, na sucessão,
e o mágico animal, na atualidade, na eternidade do instante."

Jorge Luis Borges 
em “Ficções: O Sul”

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