Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar.
A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos
sedentas e pensa: Achei! Achei!
Mas ele escorrega se espatifa em mil pedaços, como um
vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de
louça.A gente fica só, outra vez, e tem que começar
do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos
que vê. Cada um que surge parece o último, mas todos são de
barro, quebram-se antes que possamos reformular as
perguntas.E começamos de novo, mais uma vez, dia após
dia, ano após ano.Um dia a gente chega à frente do
espelho e descobre: Envelheci!Então a busca termina.
As perguntas colam no fundo da garganta, e vem a morte.
Que talvez seja a grande resposta.
A única.
Caio Fernando Abreu
em Limite Branco
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