Preparou-se para aquela
que não sabia ser sua pequena,
grande ou maior viagem.
Preparou-se para aquela
que não sabia ser sua amena,
áspera ou derradeira viagem.
Preparou-se para aquela
que não sabia ser penúltima,
ou mais uma daquelas passagens.
E o fez com o mais cuidadoso
e lúcido, ácido e ávido pensar.
Sabia que devia; que havia
de assim melhor ser: para ele
um singular e sobreviver:
Fosse na Luz aguda e infinita
Ou na Treva arguta e maldita.
Mas, sem rancor ou medo,
ímpar Fé ou maior descrer,
sabia que já estava pronto.
Mãos e olhos fixos; o corpo
disposto, as mãos desatadas:
nos lábios as últimas palavras.
Por entre os dedos, o Tempo,
em horizonte perto ou distante,
não mais lhe ditava as regras!
Ele, nem vítima, herói ou rei,
não mais construía verdes pontes.
Agora, só admirava o abismo.
Assim, ciente de que o coração;
da sua, nem árdua, original, difícil
e inversa decisão, sem medos
ou oração, já não vinha tão cedo.
*Jairo De Britto,
em "Dunas de Marfim"
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