quinta-feira, 23 de abril de 2015

A FLOR DO SONHO




A Flor do Sonho, alvíssima, divina, 
Miraculosamente abriu em mim, 
Como se uma magnólia de cetim 
Fosse florir num muro todo em ruína.

Pende em meu seio a haste branda e fina 
E não posso entender como é que, enfim, 
Essa tão rara flor abriu assim!... 
Milagre... fantasia... ou, talvez, sina...

Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos, 
Que tem que sejam tristes os meus olhos 
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...

Desde que em mim nasceste em noite calma, 
Voou ao longe a asa de minh'alma 
E nunca, nunca mais eu me entendi...



 FLORBELA ESPANCA 
In Livro de Mágoas, 1919 


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