sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

SONETO DO DESMANTELO AZUL



 
Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos 
e colori as minhas mãos e as tuas,
 
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
 
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
 
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul.
Azul.
 
 
Carlos Pena Filho
 
 

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