sábado, 27 de setembro de 2014

SONETO AZUL



Gosto de barro na manhã molhada
sem voz de locutor, sem propaganda.
Apenas riso de criança e em cada
janela uma fraqueza de varanda.

Disposição no corpo livre e na alma
o pavor de perder o que mais louvo,
que é esta imprevista sensação de calma
e esta vontade de nascer de novo.

Cheiro de lápis, livros novos, no ar
repassa a infância – admitamos – ou
que outro menino risca os mesmos muros?

Manhã azul, no céu azul, no mar
azul, cheio de velas, como estou,
de velas brancas (ou desejos puros).

1949


Lago Burnett
In: Estrela do Céu Perdido

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