Que te valeu viveres tantos anos,
A sofrer da existência os dissabores,
Enganado, a buscar novos enganos,
Trocando a velha dor por novas dores?
Falharam-te de glória os nobres planos;
Desejavas amor, tiveste... amores.
E, hoje, passas, cansado, entre os humanos,
Indiferente a ápodos e a louvores.
De nada te serviu quanto aprendeste
Do mundo; e tudo quanto viste e quanto
Em mil volumes, velho amigo, leste.
De nada. E a vida foi-se-te, entretanto.
Se para envelhecer é que viveste,
Que te valeu, ancião, viveres tanto?...
Bastos Tigre
Antologia Poética – 1.982 -
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