terça-feira, 29 de julho de 2014

O MILAGRE




Tu, que estremeces entre a dor passada
e a dor que chega(vês? A noite desce ...),
como podes semear, de novo, a messe
do sonho imenso, a um vento ruim tombada?

Sabes que inda te espera outra rajada,
porém sorris, e tens ao lábio a prece ...
Como que na tua alma resplandece
toda a curva da noite iluminada!

És, na esplanada aberta desta vida,
braceando aos céus, uma árvore despida
que as ventanias doidas esfolharam!

E sonhas! Ah! Na convulsão violenta,
que subterrânea fonte te alimenta,
que insondáveis raízes te ampararam?


Tasso da Silveira
in Poemas




Nenhum comentário:

Postar um comentário