terça-feira, 20 de maio de 2014

A PANTERA


 
De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.
A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos descresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.
De vez em quando a fecha da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.
 
- Rainer Maria Rilke
(tradução de Augusto de Campos)

2 comentários:

  1. Lindo e triste... certa vez, senti a mesma coisa ao ver uma pantera negra enjaulada em um circo, há muitos anos.

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  2. Concordo Ana: Lindo e triste. Agradeço sua visita!

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