quinta-feira, 31 de maio de 2012

NASCIMENTO DO POEMA




É preciso que venha de longe 
do vento mais antigo 
ou da morte 
é preciso que venha impreciso 
inesperado como a rosa
ou como o riso
o poema inecessário.

É preciso que ferido de amor
entre pombos
ou nas mansas colinas
que o ódio afaga
ele venha
sob o látego da insônia
morto e preservado.

E então desperta
para o rito da forma
lúcida
tranqüila:
senhor do duplo reino
coroado
de sóis e luas.


Dora Ferreira da Silva,
in Andanças

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