Vou me inspirar na teia dessa aranha
Para tecer também o meu caminho
Bailando no ar suspenso em desafio
Ao abismo de todos os quadrantes.
Horroriza-me a sina sertaneja
De quem encosta a enxada e se recolhe
À cisma de uma rede contemplando
A estrada deserta e o ar parado.
Mas, não! Rejeito teu modelo, aranha,
Não quero tua trama destinada
A caminhos que levam para nada.
E depois? Ó, depois, o coração,
Ave noturna, encontrará seu ninho
Na igualdade de todos os caminhos.
Miguel Reale
in 'Sonetos da verdade'
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