Dificilmente, ó amigo,
você me encontrará presente, em casa.
Pois eu sofro de ausência,
como se houvesse, em mim, uma asa.
A esperança e a saudade
— o leste e o oeste do meu corpo obscuro —
são duas formas de eu nunca estar em casa,
quando me procuram, e eu mesmo me procuro.
Vivo continuamente longe
de mim, nas horas em que me decomponho
num sonho; estou no outro hemisfério,
que é um não sei onde, onde só ausência lavra.
Só me encontro comigo, ó amigo,
se me divido em dois, diante do espelho
Um em frente do outro,
sem nenhuma palavra.
Cassiano Ricardo,
in A Face Perdida)
Belíssima poesia. O encontro que todos tememos, ver-se desnuda de si. Grata por compartilhar. Bjs
ResponderExcluirLindo, Amália!!!!
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