Quando a Estação das Lágrimas chegar;
Quando, diante do sal sobre seu rosto pairar
e a exata hora do terrível dia vier arder;
Quando, atrás ou adiante seu coração doído,
vir o cortinado de trevas a esconder a luz
dos seus olhos castanhos, verdes ou azuis;
Quando, sob o par de óculos de sol de Paris,
ou de esquinas do mais ermo pueril lugarejo,
não for capaz de esconder seu Luto e Pavor;
Quando tal Tempo – sempre cruel, fatal
e inesperado, tornar seu rosto disforme,
toldando-o de dores infames e sem cor;
Quando seu mais caro e próximo parente
ou amigo, aquele do peito, na Primavera
da Juventude ou Inverno da Velhice se for;
Quando a Estação das Lágrimas invadir
seus olhos vivos, tornando-se senhora voraz
do seu infante ou vetusto completo Ser:
Não adianta conselheiros sair a procurar.
Não perca seu tanto ou escasso tempo
a lhes escutar; a maior atenção lhes dar...
Não dê, alma e ouvidos, às suas tantas e tontas
palavras. Não àqueles esmerados fanáticos
(e não são poucos), no tão solícito consolar!
Antes, busque aqueles (e são poucos) que,
com discreta, sóbria e solene humildade,
lhe sussurram a clara Harmonia do Silêncio.
Aqueles que, com simples e suficientes frases,
sem nada querer, ou tanto se fazer escutar,
antes do Abraço Silente dizem carinhosamente:
“Não sei o quê falar!”
Estes são aqueles capazes de lhe ofertar alento;
de dar-lhe o primo, mais caro; necessário Silêncio,
enquanto, e sempre, que a Estação das Lágrimas
cobrir seu rosto com a ausência do calor franco.
Estes são aqueles que hão de ajudá-lo a curar
suas feridas sem Sal – até que seus olhos tornem
a suportar o Sol – que para nem todos se levanta;
para aqueles que nem sempre os sinos dobram!
Estes são aqueles que, na Estação das Lágrimas,
saberão a exata medida do Abraço à Dor Alheia
sem jamais esperar ou aventar qualquer Gratidão.
Então, enquanto o rio recebe o quê lhe cabe
da Estação das Lágrimas, em conduta a oceanos
vários, lembre-se que “Não sei o quê falar!”
diz Tudo que precisa ouvir durante o Abraço:
Tudo e Mais que irá aliviar seu cansaço; o peso
da sua Dor e Desespero – que, por anos, saberão
a fel e Amargo Desterro n’A Terra dos Homens.
Nada é mais necessário e sublime que isso; nada
melhor que, perdido no Tempo Efêmero da Vida,
lhe soará como acalanto capaz de a todos conceder
a Alforria da Terra!
Foi o quê aprendi da Estação das Lágrimas:
Tudo Preciso: na hora fatal da Lavoura Arcaica;
quando à Terra devolvi meus Pais e Filho!
Além de, à distância, ‘dizer’ adeus à Senhora:
Aquela – última guardiã, cúmplice e escrivã
das minhas Memórias de Infância, Juventude
e Velhice: Madrinha e Operária da Luz...
*Jairo De Britto - São Paulo, Capital.
(25 de Outubro - 15 de Novembro de 2012)