quinta-feira, 2 de agosto de 2012

PÁSSAROS



Nos meus poemas não há pássaros
aflitos dentro dos versos,
bicos metidos entre as rimas
na angustia dos vôos livres.

Amo as aves revoluteando no ar
a liberdade em plena luz,
que não é querer nem cogitar
mas a forma mesma do corpo.

Asas irrequietas receosas
inconstantes buliçosas
o que voam são os olhos
acesos desconfiados vigilantes
perscrutando inimigos, vitimas, distancias,
adivinhando flores antevendo ninhos.

Miguel Reale,
In: Poemas do Amor e do Tempo

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