terça-feira, 10 de julho de 2012

MEDITAÇÃO À BEIRA DE UM POEMA



Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela,vi-a,
como nunca a vira,
constelada,
os botões,
alguns já com o rosa-pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com o limite do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizaram-se
diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro.

Adélia Prado
In Oráculo de Maio

3 comentários:

  1. Cada vez que passo por aqui o blog está mais e mais lindo!
    Parabéns, amiga
    Amália Catarina!
    Beijos.

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  2. Parabéns, muito interessante seu blog, lindas postagens.

    Abraços
    R&M
    http://saborescorespontocom.blogspot.com.br/

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  3. Obrigada Maria Madalena, por seu carinho e amizade. Beijo

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