Nada começa.Tudo continua.
Onde ‘stamos, que vemos só passar?
O dia muda, lento, no amplo ar;
Múrmura, em sombras, flui a água nua.
Vem de longe,
Só nosso vê-las teve começar.
Em cadeias do tempo e do lugar,
È abismo o começo e ausência.
Nenhum ano começa. É Eternidade!
Agora, sempre, a mesma eterna Idade,
Precipício de Deus sobre o momento,
Na curva do amplo céu o dia esfria,
A água corre mais múrmura e sombria
E é tudo o mesmo: e verbo o pensamento.
Fernando Pessoa, Poesia
In Poemário - Assírio e Alvim - 2007
Belíssimo e verdadeiro! Saudações.
ResponderExcluirAdoro Fernando Pessoa!!! Não conhecia este poema. Gratíssima surpresa!!!
ResponderExcluirObrigada Henrique e Carlos pela gentil visita!
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