Qualquer tempo é um tempo duvidoso
assim o meu cercado de cidades
plataformas instáveis
praticáveis cobertos de infinita gente náufraga
que se inclina nas águas como um palco
Paro na convergência dos estrados
chove já sobre a raça ameaçada
Incertas multidões em volta passam
contemporâneas falam interpretam
a duvidosa língua das imagens
Assim no teatro abstracto das cidades
morrem palavras sobre um palco náufrago
O tempo cobre o céu que se enche de água
Gastão Cruz,
in "O Pianista"
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